''''''''''''''''''''''''''''''''''''o pussylânime''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

ARAUTO - Conto Nº 04 - Loucuras Incontáveis

 


ARAUTO



                             Ah! Bem sinto tuas patas pesadas, inconsciente cada vez mais próximo. Não me apareces ainda, mas percebo tua presença traiçoeira, tuas botas firmes pelo corredor a estremecer a escuridão. Estais aonde meu olho ainda não alcança: atrás de min, me viro; na frente, me volto; que presença pesada. Parece que vestido em armadura prateada, está pronto para descer a massa em minhas costas já dolorida com o golpe ainda não desferido. Tantas vezes impaciento-me e tento saber quem és, mas me escapa; foge; muçum ensaboado. Ah! Como queria garras, como queria algemas, como queria. Porque abri a porta? Porque dei um passo adiante? Agora o guardião da câmara percebe o invasor admirado; a espada esta desembainhada. És o mestre desse fim de estágio. Teus símbolos só me dizem que devo vencer-te. Dá-me a receita de tua ruína. Mas, o ingrediente principal é minha cabeça e meu sangue; que terei de ter certeza de que não são meus; de que nada é meu. Queria chamar-te inimigo; mas a dor de sermos íntimos irmãos assalta-me em cheio.
                             Bem te sinto, arauto de sabe-se-lá o que. O que queres, freqüentador de meus inferninhos? Não quer me deixar passar, e nem pode. Não quer me deixar voltar, e nem pode. Não quer adiar o inadiável, e nem pode. Farejo tua voz dizendo: só pode haver um. Como luta bem, como é poderoso. Meus joelhos dobram, o solo é o consolo. Acho que vou vergar. Meus lábios estão para dizer amém.
                             Mas não é assim. Eu te amo. Choro por amor a ti.
                             O que houve? Recuas? O que receias? Sim, eu te amo, com todas tuas artimanhas de querer derrubar-me. Pois derruba-me, então; mas, derruba-me forte, para assim eu saber como me golpeias tão fácil, como me conhece tão bem. Ah! Agora sei como me pegas, tirano amado. Agora sei de tuas mungangas. Ainda respirarei fundo, invocarei tua presença e com uma firmeza de pedras, beijar-te-ei, contemplando tua fealdade magnética transmudada em pó. Saiba de minhas armas.
                             Mas, por enquanto, lança-me feras que mordem e somem. Feras que esperam o movimento para atacar. Não há nada a temer a não ser o próprio medo. Ah! Essas botas marchando! Tentarei marchar também.
                             Boa noite. Um beijo. Tentarei te amar.

Um comentário:

  1. Eu até terminei de ler o Loucuras um dia desses, sempre esqueço de te contar.

    ResponderExcluir