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terça-feira, 2 de novembro de 2010

LOUCURA - Conto nº 26 - Loucuras Incontáveis






LOUCURA


A loucura quer me pegar, mas eu não deixo; ela me espreita, me cerca, me caça como um animal. Essa loucura que me toma conta e que não me deixa ver nada além dela. A loucura quer me pegar, mas eu corro; escondo-me atrás das relações de afeto; ou de qualquer coisa que me pareça cheirar a normalidade, só que a loucura insiste em me dizer que nada é normal.
                          A loucura quer me pegar; o que eu faço? Ela parece esperar, esperar eu ficar mais fraco para me atacar, me devorar aos poucos, como vem fazendo. Para então dar o golpe final, fatal; a misericórdia. E jogar-me na total falta de sentido, na insanidade da repetição; uma prisão, minha mente. Mas que sentido há no que vejo? Estais vendo? É ela, eu posso sentir.
                          A loucura quer me pegar. Ela me cega. Não; ela não me cega. Ela abre meus olhos; me deixa ver tudo, me deixa ver a cegueira do mundo. E isso dói. E a dor enlouquece.
                          A loucura quer me pegar. E parece não haver saída. Mas como não? Como não? Que loucura! Quero gritar. Não! Vão pensar que sou louco. Não quero dar esse gostinho a essas coisas chamadas pessoas. Criaturas ridículas presas entre suas loucuras não realizadas e essa vida insana que levamos todos os dias.
                          A loucura quer me pegar. Diz que tudo é permitido. Mas isso não faz sentido; isso é louco. É que não vejo o que poderia não ser permitido se quisermos. Por isso acho que a loucura já me pegou. Se não pegou, vai pegar. Porque, a loucura quer me pegar.

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